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O espaço das pequenas coisas

O espaço das pequenas coisas

29
Jul20

O futuro é agora

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Nos últimos anos há cada vez mais descobertas de escavações arqueológicas, não só do tempos dos romanos como até muito anteriores. Lembro-me de ser adolescente e ir a Vila Nova de Foz Côa visitar o Museu. Lembro-me claramente de ficar fascinada com as gravuras, imaginar como viveriam as pessoas naquele tempo, como seria o seu dia-a-dia, quais seriam as suas questões interiores.

 
 
Avançamos até 2020. Desde Fevereiro, no meu círculo de família e amigos nasceram 5 bebés, dos quais ainda só vi um. Segunda a Teoria da Vinculação (Ainsworth,1973; Bowbly, 1969), o ser humano é um ser gregário, i.e., necessita de um Outro para sobreviver - a Mãe. A relação mãe-bebé é essencial para o desenvolvimento físico e psíquico do bebé e estabelece-se desde o útero, estendendo-se depois estas relações aos pais, irmãos, primos, avós, amigos, e por aí fora. 
 
Quais serão as implicações de estarmos confinados? Uma maior aproximação mãe-bebé? Talvez, ainda que com as redes sociais sabemos que corremos o risco de não acontecer. Por outro lado, as máscaras cobrem 2/3 da nossa cara, como poderá o bebé ler a nossa expressão facial?
 
 
São as infinitas possibilidades, cabe-nos reimaginar novas formas de comunicar, de ensinar, de formar vínculos. Afinal, é uma questão de evolução.
19
Jul20

Des(culpa)

(des)culpa.jpg

Muitas vezes quando cometemos um erro sentimo-nos culpados, envergonhados e zangados connosco próprios. Quem nunca esteve numa situação em que pensou "podia ter feito isto de outra forma?" ou "podia ter dito aquilo de outra maneira?" ? Quem nunca se zangou consigo próprio e se sentiu culpado que atire a primeira pedra.

 
«Só quando reconhecemos a raiva podemos realmente libertar-nos da culpa de estarmos zangados e criar espaço para perdoar.»
 
Ou então:
 
«Só quando nos libertamos da culpa de estarmos zangados é que podemos reconhecer a raiva e perdoar.»
 
Sim, assim deve ser. 
 
Ahah! Não é assim tão fácil perceber o ciclo da agressividade que impede o caminho para nos perdoarmos realmente.  
 
 
Como dizia o meu Avô: "Não tem mal estar zangado. Todos nos zangamos, cada um dá o seu melhor e, ainda assim, todos falhamos, todos cometemos erros todos os dias".
E, por isso, é natural ficarmos zangados quando alguém nos falha.
 
 
Talvez compreendendo, justificando e perdoando o Outro, sejamos mais capazes de normalizar o erro, a falha e assim libertar-nos da culpa, da raiva, da vergonha. E...quem sabe...perdoar-nos?
14
Jul20

Perdoar

perdoar.jpg

Não se fala muito sobre perdoar.

 
De facto, não falamos quase nada sobre perdão, além da temível figura altiva da minha infância, aquela figura um pouco reminiscente do Antigo Testamento que tudo perdoa se for boa para o meu irmão, se ajudar os meus pais a por a mesa.
 
Diria mesmo que perdoar parece ser um tema tabu.
 
No dia-a-dia, se tivermos um pingo de sensibilidade, pode haver um milhão de pequeninas coisas que nos podem magoar: alguém não cedeu o lugar a uma pessoa idosa, uma pessoa não cedeu passagem na porta, alguém não pediu licença, uma pessoa levantou a voz, alguém se atrasou.
E isto são só as coisas minúsculas que formam falhas microscópicas no nosso bem-estar e na imagem que temos de nós próprios e do mundo.
 
As coisas grandes, essas que ferem o nosso ego: mortes, doenças, perdas, problemas financeiros, conflitos familiares, zangas com amigos, fatores externos que cumulativamente podem destruir a nossa capacidade de agir no mundo. Falta de compaixão, de empatia, de amor próprio e pelos outros são consequências no mundo interno de todas estas coisas por explorar, por reflectir, por resolver.
 
É necessária toda a nossa coragem, olhar para dentro, fazer o trabalho, recorrer à honestidade e perdoar. Começar por nós próprios, perdoar as nossas falhas, os nossos erros: o nosso silêncio quando devíamos ter falado, o nosso ruído quando nos devíamos ter calado. E assim avançamos, com compaixão e empatia, traçamos um novo plano e pomo-nos a caminho. Por nós, pelos outros, pelo mundo.

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