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O espaço das pequenas coisas

O espaço das pequenas coisas

06
Set20

"O que o traz cá" - Catarina Barbosa Skincare

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Catarina Barbosa, 28 anos, Engenheira química, viveu quase toda a sua vida no litoral Alentejano, perto de uma das praias mais bonitas de Portugal, Vila Nova de Mil Fontes.

De lá, lançou a sua marca de cosmética Catarina Barbosa Skincare, em 2018, com produtos formulados a partir de ingredientes orgânicos, vegan, sustentáveis e eficazes na pele. Feminista e portuguesa, decidiu homenagear as grandes mulheres portuguesas no rótulo dos seus produtos.

A estrela da marca: o óleo Amália. Em tempos de pandemia, Catarina Barbosa Skincare continua a crescer, provando que os momentos de crise são bons companheiros para repensar a vida, cuidar mais de nós, da nossa família e do nosso planeta.

Descobri esta marca num destes momentos de reflexão e mudança ativa da minha vida, quando procurava alternativas mais sustentáveis para cuidar da minha pele e fiquei tão impressionada com a história da marca e da sua fundadora que decidi contactá-la. Catarina Barbosa respondeu e foi sempre muito afável, disponível e paciente para com as minhas perguntas intermináveis.

 

Estou-lhe muito grata por ser a minha primeira convidada para esta nova série de entrevistas “O que o traz cá”.

 

Para saber mais sobre a marca:

www.catarinabarbosaskincare.com

 

O Espaço das Pequenas Coisas (OEPC) – Como surgiu o interesse pela área da cosmética?

Catarina Barbosa (CB) – Sempre tive interesse pela área da cosmética, desde que me lembro. A minha área de formação é engenharia química e trabalhei mesmo na área de processos industriais numa fábrica. Mas não sentia paixão pelo que fazia e um dia estava no quarto e comecei a olhar para a quantidade de cremes que tinha em cima da prateleira e pensei: “porque não começar os meus próprios produtos?”. Não tinha formação, tive que ir para Londres, estive lá um ano e meio a tirar a especialização e comecei fazer experiências, mesmo em casa. E depois foi crescendo, decidi tornar este projeto numa empresa, fui procurando locais para abrir um laboratório e todo o processo demorou, desde as primeiras fórmulas até ter o produto à venda no mercado, dois anos. Desde pesquisar as fórmulas, testar as fórmulas, procurar fornecedores, falar com o Infarmed, demorou cerca de dois anos.

OEPC – Então agora estão numa fase de expansão?

CB - Comecei a marca no ano passado, mas entretanto fizemos um rebranding e agora é que começou a ter maior notoriedade, sobretudo em Portugal! Sim, agora estou a começar expandir para Hong Kong, Bélgica, Espanha e outros. E, vou lançar um novo produto, uma máscara enzimática que acho que vai surpreender porque não existe em Portugal nenhuma máscara assim.

OEPC – E de onde vem o interesse na clean beauty, nos produtos orgânicos?

CB – Tinha curiosidade num estilo de vida mais saudável, já andava à procura de alternativas mais naturais, que hoje em dia há muito mais marcas do que quando comecei (há dois anos), mas o que quis sempre foi utilizar ingredientes que funcionassem realmente na pele, não apenas juntar dois óleos porque ficam bonitos, queria mesmo juntar ingredientes cativos com um propósito. Alternativas naturais e sustentáveis.

OEPC – Até na sustentabilidade são mesmo incríveis. Como foi o percurso até aqui? É de Vila Nova de Mil Fontes?

CB – Nasci em São João do Estoril, mas fui viver para Porto Covo com 5 anos, durante 12 anos, e depois vim para Vila Nova de Mil Fontes. Estive em Lisboa a estudar durante 5 anos, mas depois disse logo que queria voltar.

OEPC – O que considera essencial numa rotina de pele?

CB – O essencial é mesmo limpar bem a pele, de manhã e à noite. Eu utilizo um bálsamo e depois um tónico. Durante o dia utilizo o sérum Maria e, se sentir que a minha pele precisa, utilizo um creme, e protetor solar todos os dias, mesmo de Inverno. É essencial utilizar protetor solar. À noite, faço a dupla limpeza com o bálsamo e tónico, depois utilizo um sérum, um creme de olhos e termino com o nosso óleo Amália. Utilizo mais produtos à noite do que de manhã porque durante o dia transpiramos e à noite a pele pode recuperar, é diferente os ingredientes que vamos usar.

OEPC – E podemos sempre fazer uma massagem com o óleo Amália, que é óptimo.

CB – Ainda bem que as pessoas estão a gostar, fico sempre um bocadinho nervosa, cada vez que estou a enviar um produto penso como é que a pele vai reagir, se a pessoa vai gostar. 

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OEPC – Achei muito curioso os nomes dos produtos serem de grandes mulheres da nossa história.

CB – Sim, grandes personalidades. Sempre fui muito feminista, que não é ser contra os homens e sempre achei que devemos dar mais voz às mulheres, digamos assim. E também mostrar mais a história das mulheres portuguesas porque há muita gente que não conhece. Por exemplo Carolina (Beatriz Ângelo) quase ninguém sabia que tinha sido a primeira mulher a votar em Portugal. Portanto, quando criei a marca, sabia que queria homenagear estas grandes mulheres e surgiu a ideia de dar o nome dos produtos. E dar a conhecer este lado da história de Portugal para fora, há pessoas que ficam curiosas “porquê Amália” e que vão ler quem foi a Amália [no website da marca encontram-se biografias das figuras que dão nome aos produtos].

OEPC – Sempre teve o objetivo de exportar os produtos?

CB – Sim, sabia pelo estudo de mercado que o nosso maior núcleo de negócios seria na exportação. Mas desde que fiz o rebranding há cada vez mais pessoas a comprar os nossos produtos cá em Portugal, o que me deixa muito contente. Como não há muitas marcas [de clean beauty] é único em Portugal.

OEPC – Vi numa entrevista que deu recentemente que a gama de produtos irá expandir...

CB – Além da máscara que vai sair agora em Setembro, vamos lançar um bálsamo no início do próximo ano e temos mais dois produtos em processo para o próximo Verão.

OEPC – Como é que decide que produtos vai lançar? Pode falar-nos sobre isso?

CB – Começa com uma ideia de um produto “se eu fosse comprar, o que é que eu iria gostar?”. Por exemplo, esta máscara que vamos lançar, eu sei que não há cá em Portugal nenhum produto assim e acho que as pessoas também vão gostar. No desenvolvimento, começo com um papel e uma caneta a “bater a fórmula”, a pensar nos ingredientes, depois fazemos muita pesquisa e desenvolvimento porque tenho de encomendar todas as matérias-primas em pequenas doses para ver se combinam, vários fornecedores, num processo que demora cerca de 4 meses até “fechar a fórmula”. As embalagens são de vidro e vai para testes. Os testes são feitos na Universidade de Oxford, demoram cerca de 3 meses e se chumbarem têm que voltar até à fórmula, mas felizmente nunca aconteceu.

OEPC – O que só comprova que uma ter uma cientista na cosmética faz a diferença.

CB – Penso que sim…Depois é todo o processo de Marketing, as embalagens com os rótulos, informar o Infarmed e o Portal Europeu de Cosmética que vou lançar um produto novo e é isso. O desenvolvimento é o que demora mais tempo. No total são oito meses.

OEPC – Neste momento, qual é o tamanho da equipa?

CB – De momento somos três: há uma técnica que faz o controlo de qualidade e assina os lotes que são fabricados e temos uma outra técnica de produção. Mas o nosso objetivo é expandir o laboratório e contratar mais pessoas.

OEPC – É impressionante num tempo de pandemia estarem, de facto, a expandir, o que também diz das pessoas cuidarem mais de si próprias.

CB – Por acaso não temos sido afetadas pela pandemia, pelo contrário, crescemos. Somos abençoadas. E também pelo facto das pessoas estarem mais atentas aos ingredientes: sabem ler os rótulos, eu quero que os meus clientes saibam ler os rótulos e percebam o que está lá [na página do instagram é frequente haver “destaques” sobre os ingredientes, as suas origens e os seus efeitos nos diferentes tipos de pele].

OEPC – E também leva este estilo de vida mais saudável?

CB – Sim, estou a reduzir ao máximo mesmo o uso de plástico e de água. Sobretudo o de água nem temos às vezes noção da água que gastamos.

OEPC – Neste momento quem são as pessoas que a inspiram?

CB – O meu Pai. Sempre foi o meu Pai porque também é empreendedor, um homem de negócios. No mundo da beleza é a Tata Harper pela sua história, eles cultivam as próprias plantas para utilizar nos produtos, é assim um objetivo que eu tenho um dia.

Para saber mais sobre a marca:

www.catarinabarbosaskincare.com

02
Set20

Onde estavas no covid?

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Há seis meses foi confirmado o primeiro caso de covid em Portugal. 2 de março de 2020. É um daqueles momentos “onde estavas no 25 de abril?”.

Nos últimos meses, como toda a gente, tenho sentido coisas diferentes em fases diferentes. Em fevereiro, lembro-me de me sentir paralisada com o medo de que o covid pudesse chegar a Portugal da forma devastadora que víamos nas imagens da televisão e das redes sociais. Paralisada, porque parecia que o Sol nunca mais ia brilhar em Itália e o cheiro a morte entrava-se nas ruas, nos campos e aquelas imagens horríveis das pessoas a morrer sozinhas, lentamente, dolorosamente nunca mais poderiam ser esquecidas. Mas eis que o Verão chegou e aqui estamos (felizmente!).

Em março e abril, o confinamento obrigou-nos a todos a olhar para dentro, para as nossas casas, para as nossas famílias, para dentro de nós. A saudade da minha família foi (quase) insuportável, os aniversários, a Páscoa (ver crónica “As Pequenas Coisas II”), tudo por um objetivo muito claro na mente coletiva da maioria dos portugueses: não repetir aquelas imagens horríveis.

Às vezes, durante os nossos passeios, parece-me estranho (ver crónica anterior Sunny Delight), observar adolescentes a praticar desporto sem máscara ou quando vemos um filme e as pessoas nem sequer mantêm distância de segurança.

Frequentemente, se estou muito envolvida nos meus passos, lembro-me que há poucos meses podia entrar num supermercado tranquilamente, cheirar a fruta, escolher os legumes, tocar em tudo o que quisesse, sem medo de vírus. Podia abraçar a minha família, sem medo de os contagiar ou que me contagiassem e eu contagiasse outros. Podia ir ao ginásio, à piscina, jantar fora, ir ao cinema, ao teatro. Podia ir a consultas, ao hospital, à fisioterapia ou ao dentista sem medo de contagiar ou ser contagiada.

Acima de tudo, não vivia com medo. Na meditação aprendemos a viver no momento e esta tem sido a minha estratégia para enfrentar o medo, dia a dia. Quando comecei este blog, tinha tanto medo que alguém lesse o que escrevia que durante meses não disse a ninguém, nem à minha família. Nas palavras de Lao-Tsé: “uma longa viagem começa com um único passo”. Talvez eu precisasse de entrar neste estado de pânico para dar o primeiro passo, sentar-me em frente ao computador e “escrever em voz alta”.

Obrigada por ampararem esta minha tentativa com palavras de encorajamento, apoio e esperança.

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