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O espaço das pequenas coisas

O espaço das pequenas coisas

11
Out20

As primeiras folhas do Outono

as primeiras folhas de outono.jpeg

 

Esta semana pela primeira vez fui picada por uma abelha! Nunca tal me tinha acontecido, a pobrezinha caiu no chão e, apesar de me doer muito o dedo, não pude deixar de reparar como caiu na primeira folha dourada que vi do ano.

 

De repente, já estamos no Outono do tal tão prometedor ano 2020 (ver crónica “Kit de Sobrevivência III - George Addair”). Nos dias que se seguiram, as noites ficaram mais curtas e frias, e finalmente pude arrumar a roupa de Verão e trazer a roupa de Outono. Como a Mãe sempre diz “é preciso criar espaço para as coisas novas” e por isso todos os anos faço uma boa seleção do que preciso realmente. Não diria que sou minimalista, mas sou definitivamente essencialista.

 

Num dos meus sketches preferidos do Saturday Night Live, intitulado “Bronx Beat” com as geniais Amy Pohler e Maya Rudolph, as “apresentadoras” queixam-se de tudo um pouco, mas, pelo menos, é “sweater weather” e repetem a frase exaustivamente.

 

Esta expressão faz-me sempre sorrir por dentro porque sei exatamente o que querem dizer: é mais um daqueles momentos que se repetem independentemente do que aconteça. Tenho escrito muito sobre o que não aconteceu, mas vou recapitular o que aconteceu. Ficamos em confinamento e aprendemos imensas coisas sobre nós próprios e a nossa família, encontramos novos passatempos, experimentamos receitas diferentes, apreciamos mais as pequenas coisas, lemos mais e melhor, eu escrevo mais, o meu príncipe aprendeu um novo instrumento musical, vimos mais séries, filmes e documentários do que podemos contar, debatemos temas improváveis, experimentámos todos os cremes e máscaras que recebi no Natal, andamos quilómetros sem fim, nadamos no oceano atlântico, fizemos ondas, apanhamos conchas, vimos estrelas cadentes e agora as folhas douradas a cair no chão...talvez 2020 não seja só mau afinal.

07
Out20

Kit de Sobrevivência III - Marcelo Rebelo de Sousa

KS III Marcelo Rebelo de Sousa.png

"Temos de continuar a resistir e vamos continuar a resistir ao medo, ao facilitismo e à tentação de encontrar bodes expiatórios, numa luta que é de todos e não é só de alguns" disse o Presidente da República na cerimónia da comemoração da Implantação da República. Este ano, assinalam-se também os 200 anos da Revolução do Porto, sem a qual não haveria esperança para nada que se assemelhe a uma democracia.


Um dos meus passatempos é a história das famílias reais. Interessa-me sobretudo perceber como as famílias se cruzam ao longo da história europeia e mundial. Por exemplo, o atual Duque de Bragança não é considerado, por muitos, herdeiro legítimo do título de Duque de Bragança, por ser descendente de D. Miguel, o pretendente ao trono absolutista que saiu derrotado da tal importantíssima Revolução do Porto. Em seu lugar, D. Pedro IV ascendeu ao trono, dando, assim, início a uma monarquia liberal, à semelhança do que acontecia pela Europa.


Como sabemos, a nossa República começa oficialmente a 5 de Outubro de 1910, há precisamente 110 anos, embora anteriormente tenha existido uma espécie de coup d'État no Porto, a 31 de Janeiro de 1891. Embora não seja oficial, de uma forma geral poder-se-ia assumir que a República começa o seu longo percurso com o Regicídio, a 1 de Fevereiro de 1908, o que, convenhamos, não augurava bom caminho para esta I República. É verdade que os primeiros anos da República foram bastante conturbados, com vários governos, primeiros-ministros e muitíssima instabilidade política.


Depois veio a ditadura, e nem seria possível eu estar a escrever este texto, centenas de pessoas mortas, outras exiladas e outras tantas cujo paradeiro é desconhecido. O lápis azul que censurava tudo o levantasse a mínima suspeita ou crítica e ainda assim as canções de Zeca Afonso ou o humor de Raul Solnado animaram os corações das pessoas como Ricardo Araújo Pereira anima hoje os nossos (ver crónica anterior "Isto é gozar com quem trabalha"). Lamentavelmente, não importava a idade: adolescentes, jovens, adultos ou idosos, podiam ser arrastados para a PIDE para uma "conversa" por tempo indeterminado. Hoje os seus processos podem ser consultados na Torre do Tombo.


Finalmente, naquele dia de 25 de Abril de 1974, quando soou “Grândola Vila Morena” na rádio, alguns rebeldes militares lideraram a Revolução dos Cravos, rumo à Liberdade, à Democracia, à Paz. Muitas coisas se passaram desde então, as primeiras eleições livres, a Constituição, para a qual o nosso atual Presidente da República contribuiu largamente, a adesão à União Europeia, a PAC, a Guerra em Timor-Leste, o 11 de Setembro, a Guerra do Iraque, a instabilidade política em Portugal, a recuperação da Economia…

 

…o Covid. Ninguém sabe o que irá acontecer nos próximos meses, anos, décadas, mas, tal como disse Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso do 5 de Outubro, temos de continuar a resistir ao medo, tomando precauções, cuidando de nós e uns dos outros. Este é o Caminho.

04
Out20

Isto é gozar com quem trabalha

isto é gozar com quem trabalha.jpg

Fotografia: SIC®

 

Porque mais vale tarde do que nunca, venho falar da estreia da “segunda vaga” do programa “Isto é gozar com quem trabalha” de Ricardo Araújo Pereira (RAP).

Como sempre, não faltaram momentos de grande humor e ironia dirigidos ao Primeiro-ministro, a membros que não deviam estar na Assembleia da República, a Donald Trump, entre outros.

Se o leitor se recorda, pouco tempo depois de RAP estrear a primeira temporada este vírus maldito começou a espalhar-se de forma cada vez mais alarmante e o nome do programa que parecia, a princípio, uma sátira a quem, de facto, trabalha, rapidamente pareceu descontextualizado num cenário pandémico. Devo, contudo, agora e sempre, expressar a minha enorme admiração por RAP pela coragem de manter o nome, o programa, adaptando o formato às normas da DGS, não cedendo ao medo, sendo uma boia de salvação em tempos pandémicos, um kit de sobrevivência (ver crónica anterior) para muitos de nós, uma voz crítica quando parecia impossível discernir a verdade da pós-verdade, ver a luz ao fundo do túnel.

O seu sentido de humor satírico, já desde o tempo do Gato Fedorento, a sua profunda cultura, o seu conhecimento da gastronomia portuguesa são algumas das razões pelas quais o considero um dos maiores pensadores do nosso país.


A gozar com quem trabalha parece Donald Trump, que, num artigo exposé do New York Times, consta que só pagou $750 em impostos por ano desde que assumiu a presidência dos EUA. Como se não bastasse, no primeiro debate presidencial comportou-se na sua forma habitualmente vergonhosa, é caso para dizer “isto é gente que não sabe estar”.

Mal posso esperar para ver/ouvir o que tem RAP a dizer sobre isto.

01
Out20

Pausa: as pequenas coisas e não as eleições

Pausa das eleições.JPG

 

Há quase 8 meses deixamos de comer carne.

Não foi uma decisão do dia para a noite, nem foi, porventura, tão radical quando o leitor possa pensar. Não somos fundamentalistas (só no futebol, como diz a brincar o meu príncipe).

Se pensar bem, foi uma coisa que foi acontecendo naturalmente, tal como a nossa relação. Primeiro, vieram os rumores de “estado de emergência” por isso armei a minha dispensa de conservas: atum, massa, ervilhas, grão-de-bico, feijões, etc.

Depois, o mais importante: sopa. Fiz várias panelas de sopa que congelamos em doses duplas para uma eventualidade. E assim, nunca nos lembrámos da carne. Só quando já íamos para aí em Junho, o meu querido príncipe disse um dia “acho que me apetecia uma bolonhesa”. Era um Sábado, então lá fui ao talho em frente a nossa casa, encomendei a carne, arregacei as mangas e pus-me a caminho.

Fiz uma arrabiatta que havíamos comido vezes sem conta durante os meses anteriores mas, para o meu amor, acrescentei a carne. Adorou. Encorajou-me a provar, mas, para ser sincera, depois de quase dois meses sem comer carne, fiquei com dores de barriga a tarde toda.

O meu Avô sempre salientou a importância de sermos independentes, por isso não me identifico como pesquetariana, vegetariana ou vegan. Se for a casa de alguém e não houver absolutamente nenhuma alternativa, sou capaz de comer carne, embora saiba que vou ficar com dores de barriga.

De qualquer maneira, desde pequena, pelas histórias que a Mãe conta e do que me lembro, nunca gostei muito de carne, sempre gostei de sopa e legumes, batatas e arroz. Já o meu Príncipe gostava muito de um bom bife, um frango assado, uma bela de uma feijoada. Por isso, fui encontrando alternativas às comidas de que tanto gosta: caril de legumes é um hit na família, salada grega nos dias de Verão foram um sucesso, couve-flor assada com tomate seco e queijo gratinado, risotto de cogumelos, são alguns dos nossos pratos preferidos.

Tal como na nossa relação, tudo foi acontecendo naturalmente, por tentativa-erro, sempre apoiando um ao outro, com alguns percalços pelo caminho, mas com uma visão por um planeta melhor para os nossos filhos.

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