O melhor de 2020
2020 não foi o ano que muitos de nós esperávamos. Quem podia prever uma pandemia (além do Bill Gates)? Quem podia prever que íamos passar quase 3/4 do ano confinados às nossas casas, às nossas famílias (se tivermos sorte), aos nossos pensamentos e sentimentos, ao nosso corpo e às suas constantes necessidades?
Mas 2020 foi também o ano de “cortar a gordura” (só metaforicamente como a balança constantemente me relembra) e ficar com o fillet mignon.
Para muitos, significou desapegar-se de bens materiais, fazer limpezas enormes, arrumar aquela “gaveta das pilhas”, começar a reciclar.
Para outros foram decisões mais saudáveis como cortar na carne, fazer mais exercício físico, dar passeios, nadar no mar, correr, fazer yoga.
Mas há ainda quem tenha tomado grandes decisões: restringir o ciclo de pessoas essenciais, o que levou a divórcios, conflitos familiares, tensões entre amigos.
Sobretudo, o que 2020 nos mostrou é que podemos e devemos viver de acordo com os nossos valores e quem está mal, não faz falta.
Porque em 2020 aconteceram muitas coisas boas: perante um evento completamente inesperado e assustador, tivemos de aprender a viver de uma forma diferente.
Tivemos a oportunidade de viver com menos coisas, mas com maior intimidade.
Pudemos conhecer os nossos vizinhos e dar uma mão amiga, nem que fosse só um bom dia atrás da porta.
Quando as coisas se tornaram mesmo assustadoras, com um simples gesto como bater palmas, pudemos agradecer aos nossos trabalhadores essenciais o acto heróico que escolhem prestar todos os dias.
Aprendemos a cozinhar novos pratos ou a fazer bolos ou bolachas, muitos aprenderam a fazer pão. Lemos tanto e livros tão bons que fizemos a boa e velha troca de livros sem covid nem nada!
Vimos séries e filmes que nunca teríamos visto, sacudimos a poeira dos jogos de tabuleiro da nossa infância. Alguns de nós tiveram melhor perder, outros nem tanto.
Ligamos a amigos, vimos as brincadeiras dos filhos através do telefone. Experimentámos novas danças, máscaras ou receitas de apps claramente feitas para audiências mais novas. Vimos Tios e Tias usarem poderes mágicos para se ligarem ao zoom para cantarmos os parabéns, rimos do ridículo destes tempos.
Perdemos amigos, familiares, conhecidos. Vimos tantas notícias que o nosso cérebro ficou em papa. Mas vimos também eleições Estados Unidos com um sentido de esperança no profundo azul do olhar de Joe Biden.
Todos os anos o meu desejo é o seguinte: “comer metade, andar o dobro e rir o triplo” (provérbio chinês). Se possível, abraçar mais tanto melhor.
O melhor de 2020, para mim, foi escrever aqui n'O espaço das pequenas coisas e ter tantas pessoas a caminhar comigo. Tem sido uma honra. Obrigada e até 2021!