It must be very nice to be you
Esta semana assisti a mais um brilhante e comovente filme de Sofia Coppola “On the rocks”, no seu reencontro com Bill Murray e a brilhante performance de Rashida Jones.
Os filmes de Coppola passam, na maioria das vezes, ao lado das grandes cerimónias e ainda bem, assim ficam num cantinho do mundo para descobrir num dia chuvoso ou numa crise de identidade.
O filme conta a história de Laura, uma mãe e escritora com "bloqueio de escritor", que desconfia que o marido a anda a trair com uma colega de trabalho da sua nova startup. Ao contar a sua teoria ao Pai, os dois embarcam numa viagem pela Nova Iorque dos anos 70 e 80 com os icónicos Carlyle Hotel e 21 Club, onde Felix parece conhecer e seduzir toda a gente.
Numa cena fulcral do filme Laura desabafa: “E se tudo o que descobrirmos for que o Dean está ocupado e eu estou numa rotina?”.
É um verdadeiro desafio para as famílias os diferentes ritmos entre homens e mulheres, a diversidade de tarefas subtis das mulheres e a singularidade e notoriedade do trabalho da maioria dos homens. A desigualdade de género no trabalho é real mas vai além disso, existe claramente um desequilíbrio no reconhecimento do trabalho pago e não-pago, como este que o leitor, se chegou até aqui está a ler.
Penso que o filme capta muito bem o sentimento de Laura não se sentir interessante o suficiente, ao ponto de embarcar numa aventura com o Pai enternecedor mas inconsistente no seu amor e presença. As loucuras que fazemos por amor.