Regressei à minha aldeia, onde os meus Avós (paternos) se conheceram e apaixonaram.

Podia ser uma aldeia minhota como outra qualquer, com os seus socalcos e caminhos verdejantes, mas é a minha aldeia porque é só uma rua, que é a estrada por onde passam todos os carros, os de bois, o tractor, o automóvel, as carrinhas e os camiões.

Passa o correio, agora amiúde, que já não traz a saudade aos namorados nem as lágrimas às Mães. Passa o pão, todos os dias feito na vila que alimenta o corpo, a mente, o espírito. Passam as notícias, “caiu Salazar!”, passam os velhos e passam os emigrantes.

Passa o tempo e as fachadas mudam, as casas mudam, as pessoas mudam. Numa noite estrelada, se a voz cala, ouve-se o vento por entre as folhas das árvores, ouvem-se as vizinhas agora baixinho, ouvem-se os namorados como a minha Avó e o meu Avô e o seu amor perdura para sempre através de nós…

OUVIR COM CALMA 

Está disponível o brilhante concerto Happier than ever: a love letter to Los Angeles (Disney+) de Billie Eilish com a Orquestra Sinfónica de Los Angeles, dirigida pelo Maestro-prodígio Gustavo Dudamel. Uma viagem, como o título sugere, pelos marcos históricos de Los Angeles, ao som do novo álbum, num imaginário entre algo que nos parece familiar e um mundo novo.

VER NO SOFÁ

Já está disponível a segunda temporada de TED LASSO (Apple+). Nesta temporada, o treinador confronta-se com as consequências da primeira temporada, bem como uma nova observadora do seu trabalho: a psicoterapeuta Dr. Sharon Fieldstone ou "Doc". Uma série leve e divertida com um lema claro: Believe. 

Fotografia: DR

Era um dia meio nublado, daqueles tão típicos da região. Ora o Sol se escondia, ora espreitava por entre as nuvens.

Nessa tarde, provavelmente não tinha aulas ou, se tinha, seriam mais tarde. Como o meu irmão era pequeno, depois do almoço tínhamos o hábito de nos deitar no chão a ver televisão até os Pais nos levarem para a Escola daí a uns minutos. Sempre gostei de ver o telejornal, talvez porque o meu Pai e o meu Avô se mostravam tão interessados, ver as notícias era como pertencer ao seu grupo.

Na minha memória, enquanto esperávamos pelos desenhos animados, houve uma interrupção da emissão para mostrar imagens de uma televisão norte-americana. Era difícil perceber o que estava a acontecer entre o fumo, a confusão, os sobreviventes, mas parecia ter havido uma explosão numa das Torres Gémeas, em Nova Iorque. Como disse, na minha memória, testemunhei a colisão do segundo avião contra a Torre Sul, mas não sei se esta memória é verdadeira ou uma imagem que me aterrorizou durante anos. Lembro-me dos gritos das pessoas, de uma calma aparente dos jornalistas a reportar a notícia e do suster da respiração quando as torres caíram.

Nessa noite, assistimos com medo ao telejornal que mostrava a colisão do segundo avião às Torres Gémeas e também à destruição parcial do Pentágono, instituição tão poderosa da Democracia Americana.

Não sei como os meus Pais nos explicaram o que tinha acontecido. A impressão que tenho é de que, naquele dia, nem eles compreendiam bem o que se estava a passar. Hoje olhamos com horror para as atrocidades cometidas pela al-Qaeda e outras organizações terroristas. Só anos mais tarde, haveríamos de ir os quatro a Nova Iorque e testemunhar o gigante vazio que a queda das Torres Gémeas deixou.

Ocorreu-me escrever sobre o que tenho assistido nos últimos dias, mas é difícil captar um momento histórico que muda o curso da vida americana e internacional. Assim, convido o leitor a partilhar as suas memórias daquele dia terrível, 11 de Setembro de 2001.

VER NO SOFÁ

Há muitos filmes e séries sobre o 11 de Setembro, que nos permitem diferentes olhares sobre esse dia horrível. Nos últimos dias tenho visto a série documental Ponto de Viragem (Netflix), que procura analisar os acontecimentos que precipitaram o ataque às Torres Gémeas e ao Pentágono, bem como as consequências desse fatídico “9/11”, nos Estados Unidos e no mundo.

No filme de 2006 United 93 (Paul Greengrass), acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos que levaram à queda do avião United 93 com destino a Washington DC e a coragem de um grupo de passageiros que salvou milhares de vidas e a Democracia americana.

OUVIR COM CALMA

O impressionante podcast de Ricardo Costa O dia em que o século começou (SIC/Expresso), convida-nos a relembrar o dia 11 de Setembro de 2001 através de vários testemunhos de jornalistas e professores, bem como as consequências do momento em que o primeiro avião colide com a Torre Norte.

Fotografia: Marcos Borga

O Espaço das Pequenas Coisas expressa grande pesar pela perda de Jorge Sampaio e solidariedade para com a família do antigo Presidente da República. Nesta hora as palavras escasseiam e parecem insuficientes para expressar a enorme gratidão a esta figura da Democracia Portuguesa.

Muito nos comove a enorme perda de um homem bom e delicado, cuja ação política se centrou primeiro e sempre na defesa da Liberdade e dos Direitos Humanos. Deixa um longo legado e a memória do que significa Olhar o Outro e Estender-lhe a Mão. Um exemplo para todos nós.

- O espaço das pequenas coisas

Há quase vinte anos, os Estados Unidos foram alvo de um ataque terrorista que ficou gravado na memória coletiva dos americanos e do mundo. O Presidente da altura, George W. Bush (Republicano) emitiu uma resposta clara: guerra ao terror. Podia ter declarado “guerra ao terrorismo”, mas o uso deste substantivo vago permitiu-lhe traçar o eixo do mal, onde reinava o “terror”: Coreia do Norte, Irão, Iraque e Afeganistão.

Sob o pretexto de encerrar os programas de “treino de terroristas”, bem como acabar com as “armas químicas, biológicas e nucleares”, os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2002. Além disso, desde o 11 de Setembro de 2001 que os americanos procuravam Osama Bin Laden, o líder e fundador da Al-Qaeda, organização terrorista responsável pelos ataques às Torres Gémeas e ao Pentágono.

A 31 de Agosto de 2021, o Presidente dos Estados Unidos, agora Joe Biden (Democrata), ordena a retirada das tropas americanas do Afeganistão. Como sabemos, durante este processo existiram várias ameaças dos Talibãs que culminaram num ataque terrorista perto do aeroporto de Cabul, onde estavam a ser retirados dezenas de cidadãos americanos.

Assim, Biden vê-se num dilema: manter a sua promessa eleitoral (que vinha do seu tempo de Vice-Presidente de Obama) e retirar as tropas do Afeganistão ou responder ao ataque terrorista perpetuando o conflito americano-afegão? As palavras têm peso de ouro, porque embora aparentemente o discurso de Biden (ver vídeo) possa parecer semelhante no tom de vingança, a verdade é que não lança nenhuma ameaça concreta nem traça nenhum plano de ação.

Só podemos assumir que a guerra terminou, mas o conflito manter-se-á. E como os Talibãs assumiram o poder, a guerra dos vinte anos dará lugar a uma guerra civil.

VER NO SOFÁ

Nem só de mergulhos vivemos nestas semanas de descanso, também comemos bem e bebemos ainda melhor. Mas nas horas de calor (mais) intenso, a refrescante série The White Lotus (HBO) fez-nos boa companhia. É uma série estranha, excêntrica, exótica e cativante como a sua banda sonora, que acompanha a vida de hóspedes e staff num resort de luxo no Havai. A série vive da sobreposição de interesses contrastes sociais: luta de classes, desigualdade de género, idaísmo, racismo, tecnologia e Natureza, tudo regado com sexo, drogas e muitos Blue Hawaians.

OUVIR COM CALMA

Outra notícia sempre entusiasmante foi o lançamento do segundo álbum de Billie Eilish Happier than ever (Interscope). No seu álbum de estreia, sucesso comercial e na crítica, ouvíamos uma adolescente melancólica e naïf, profunda mas sem se levar demasiado a sério. Neste segundo álbum, ouvimos um coração partido e procura do seu caminho para se tornar adulta. Billie e Finneas continuam uma dupla imbatível, explorando vários géneros musicais, incluindo uma interpretação muito própria do género Bossa-Nova.

PASSEAR

Decorre em Lisboa e no Porto, a Feira do Livro. Tendo acabado Eliete (Tinta da China) de Dulce Maria Cardoso, O Jogador (Edições RTP) de Dostoiévski e estando nas últimas páginas de Jesus Cristo bebia cerveja (Companhia das Letras) de Afonso Cruz, ando a ansiar pelo novo livro deste autor, O vício dos livros (Companhia das Letras).