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O espaço das pequenas coisas

O espaço das pequenas coisas

31
Out21

O dia em que o Governo caiu

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Fotografia: Expresso

 

Hoje sabemos que efetivamente o OE foi chumbado e que o Presidente, apesar da sua ida repentina ao multibanco, manteve a decisão de convocar eleições legislativas.

Por algum motivo, acordei na quarta-feira e pareceu-me importante registar o dia mas não me saiu a voz, por isso escrevi na voz d’O Espaço das Pequenas Coisas.

 

Este é o último dia da política como o partido Livre a inventou. À esquerda, em parceria. A confirmar-se o chumbo do Orçamento de Estado, o país mergulhará numa profunda crise política, económica e sanitária.

Com o calendário dos congressos partidários de Direita próximos do mês expectável de novas legislativas (Janeiro) e um Presidente resoluto em dissolver a AR e convocar eleições legislativas, as contas complicam-se. Quem são os vencedores? Quem tem mais a perder? Como estão realmente os partidos por dentro? É o que vamos descobrir nas próximas semanas e meses.

 

 

OUVIR COM CALMA

A propósito das eleições pareceu-me importante rever a história e olhar para o que afinal distingue a(s) Esquerda(s) e a(s) Direita(s). De onde surge esta noção de Esquerda e Direita e o que significa hoje? Que múltiplos desdobramentos podemos encontrar? Qual a importância da História de cada país para a definição destes conceitos? Tudo isto e muito mais no podcast [In] Pertinente (FFFMS), episódio 15 Onde param a esquerda e a direita?.

 

LER DEVAGAR

Não é um livro recente, mas é muitíssimo citado durante o episódio e sobre o qual já tinha imensa curiosidade é a o livro Esquerda e direita: guia histórico para o século XXI (Tinta da China) do Historiador Rui Tavares.

24
Out21

Não te preocupes Gualter, amanhã será um dia melhor

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Esta semana foi uma semana horribilis. E não estou só a falar das negociações para o Orçamento de Estado e do momento em que me apercebi que podemos, de facto, ter eleições em Janeiro.


Começou na Segunda-feira, logo quando abri a janela e caía aquela chuva irritante que só pode ser encontrada no Norte. O tempo incerto que persistiu toda a semana levou-me a ajustar o roupeiro três vezes, arrumar a roupa de Verão, procurar os pijamas de inverno e encontrar o casaco de meia-estação. Tudo isto ocupou uma tarde e uma manhã e, por isso, atrasei-me no meu curso de escrita.


Como se não bastasse toda esta azáfama de primeiro mundo, com viagens familiares para cá e para lá, não tive tempo para me sentar, estudar, ler e pensar, para escrever com sentido de responsabilidade e criatividade.


Quando éramos pequenos, isto é, o meu irmão e eu, às vezes também tínhamos um dia nublado ou uma semana chuvosa. Nessas alturas, a Mãe passava os dedos pelos livros da Rua Sésamo, cuidadosamente organizados, e tirava o “livro do Gualter”.


Na história, o Gualter sofre uma série de peripécias: além de ser um dia chuvoso, chega atrasado para a escola, não tem o seu almoço preferido e, no caminho para casa, calca uma pastilha elástica e a sua bota fica presa. Ao chegar a casa, Gualter corre para o colo da Mãe, que o aconchega com uma toalha e recupera a bota. Quando regressa a casa, a Mãe conforta-o: “Não te preocupes Gualter, amanhã será um dia melhor”.


Já não sei quantas vezes a Mãe nos leu esta história, mesmo quando já éramos mais crescidos, mas, sempre que tenho um mau dia ou uma semana pior, repito as palavras para mim mesma. É que, apesar de tudo, hoje é o aniversário do meu irmão, por isso, é um dia muito melhor. Parabéns mano!

 

LER DEVAGAR

Além do livro Não te preocupes Gualter, recebi no correio o livro O sonho de um homem ridículo (Editora 34), que a par de O Idiota são obras menos conhecidas de Dostoievski, mas igualmente contemporâneas, acutilantes e fascinantes. 

OUVIR COM CALMA

Durante uma semana terrível, encontrei algum conforto nos Nocturnes de Chopin pelas mãos da enorme Maria João Pires. Talvez seja uma escolha estranha, mas quando me sinto assim, a melhor expressão é através da música.

 

 

17
Out21

E que tal uma viagem ao Espaço?

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Fotografia: NASA blog/Blue Origin

Quando comecei a escrever esta crónica, era então quarta-feira, dia 13 de Outubro, a Blue Origin, empresa de Jeff Bezos lançava a segunda viagem ao espaço com o criador do Star Trek a bordo.

Naquele dia, antes do lançamento, ouvi muitos jornalistas, cientistas, especialistas falarem sobre o pouco treino que estes três “turistas” haviam feito: apenas dois dias. Ouvi tudo o que podia ter corrido mal, uma falha no motor, uma aterragem desastrosa, mas, no fim, tudo correu tranquilamente. Por sorte ou intervenção divina, os “tripulantes” chagaram sãos e salvos e contaram a sua experiência que, como confesso agora perante o leitor, me comoveu profundamente.

 

Esta semana, por acaso ou coincidência, vi o filme Proxima de Alice Winocour com Eva Green como protagonista. O filme mostra a rigorosa preparação de três astronautas dos quais Eva Green faz parte, sendo a única mulher, e a sua ambivalência de deixar a filha para trás. “Imaginem que estão sentados em cima de uma carga de explosivos: é assim viajar num foguetão”. Além de denunciar a desigualdade de género nas expedições espaciais, o filme mostra bem a exigência física, mental e emocional da preparação para “ver o pôr-do-sol dezasseis vezes num dia”. O leitor pode, assim, compreender as minhas dúvidas e perplexidade quanto à viagem da Blue Origin.

 

Mas o que é, afinal, este desejo maior de conhecer o que está além? Este impulso que levou os Portugueses a cruzar oceanos e estreitos, os Russos a enviar uma cadela para o espaço e os Americanos a pisar a Lua? Talvez seja o desejo de não estarmos sozinhos, a esperança de uma outra civilização, mas, sobretudo, a ânsia de continuar a sonhar.

 

 

 

VER NO SOFÁ

Como o tema Espaço está tão presente esta semana, deixo alguns dos meus filmes preferidos sobre o tema. Além do que já referi e do incrivelmente rigoroso Interstelar, um filme que pareceu ter passado ao lado do circuito dos prémios foi First Man, a incrível e comovente história de Neil Armstrong (Ryan Gosling) e a sua mulher (Claire Foy). Além desse filme e, não se focando tanto no tema Espaço quanto nos nossos Visitantes, o filme Arrival com Amy Adams conta uma história bonita e arrepiante sobre a estadia de OVNIS na Terra.

 

OUVIR COM CALMA

Sempre fascinante e esclarecedor, Carlos Fiolhais, um dos maiores físicos portugueses, deu inúmeras entrevistas, mas recomendo particularmente o episódio #100 do podcast 45 Graus.

10
Out21

Dia Mundial da Saúde Mental - Desigualdades e desafios

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Celebra-se hoje o Dia Mundial da Saúde Mental cujo tema este ano é Saúde mental num mundo desigual. Foi publicado esta semana na revista Lancet um artigo sobre o impacto da pandemia na saúde mental global. Embora seja demasiado cedo para retirar conclusões definitivas, este estudo demonstra um aumento da prevalência da Perturbação Depressiva Major em quase 28% e um aumento de 26% nas Perturbações de Ansiedade. Além disso, as mulheres e os jovens foram os mais afetados. Quando olhamos para o mapa mundi, as regiões mais afetadas são o Norte de África e o Médio Oriente no caso da PDM e o Sudoeste Asiático no caso das Perturbações de Ansiedade.

 

Em todo o caso, antes da pandemia, já se estimava que existem cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo que têm doença mental, independentemente do local onde vivem, do estatuto social, da idade, do género. A depressão é a doença mais prevalente, estimando-se que cerca de 5% da população mundial tenha esta doença. Além disso, o suicídio representa 1 em cada 100 mortes.

 

Em Portugal, os números também são preocupantes, sendo o país com maior prevalência na UE de perturbações de ansiedade (cerca de 16,5%) e o terceiro na perturbação depressiva major (cerca de 7,9%).

 

Este ano o tema escolhido para este dia são as desigualdades no acesso aos serviços de saúde mental, o baixíssimo investimento público nas estruturas e recursos de saúde mental e estigma, descriminação e abuso dos direitos humanos de pessoas com doença mental. Além do mais, há um custo económico real da perda de produtividade. Mesmo com a recente implementação dos cuidados de saúde (mental) continuados, continuamos a ser um país cujo investimento é insuficiente, que perpetua a estigmatização da pessoa com doença mental e que não as protege com leis laborais justas.

 

Embora as doenças mais prevalentes, perturbações de ansiedade e perturbação depressiva major sejam tratáveis com medicação e psicoterapia, é necessário uma mudança de paradigma, que António Damásio explica muito bem. O Erro de Descartes, cujo paradigma vigora até aos nossos dias, é tratar corpo e mente como entidades diferentes.

 

A minha esperança é de que, num futuro próximo, não se fale em saúde mental, mas em Saúde. É que este equívoco, perpetuado na História, impede-nos de ver que o corpo humano funciona como um todo e só assim poderemos realmente cuidar da saúde.

 

 

LER DEVAGAR

Naturalmente, a minha sugestão será dos livros de António Damásio que, embora seja neurologista, dedicou grande parte da sua carreira à neuropsicologia. Se o leitor se interessa mais a fundo pela mente, recomendo os livros O erro de Descartes (Publicações Europa-América) e A estranha ordem das coisas (Círculo de Leitores). Para uma leitura mais leiga, o seu mais recente livro Sentir & Saber (Círculo de Leitores) expõe a sua teoria base de uma forma mais objetiva.

 

OUVIR COM CALMA

As saudades que nos deixa o grande Mestre António Coimbra de Matos, são mitigadas nesta a entrevista no programa É apenas fumaça.

 

VER NO SOFÁ

Quando penso em doença mental e na forma como é retratada no grande e pequeno ecrã, um filme e uma série ocorrem-me de imediato. Beautiful boy (Felix Van Groeningen), a história de um pai e um filho adolescente que lutam contra a dependência do rapaz. Um filme que expõe o estigma contra as pessoas com dependência e que nos mostram como a família também sofre mas pode simultaneamente ser um porto de abrigo.

Por último, a série Euphoria (HBO) traça um retrato assustador e revelador de um grupo de adolescentes numa escola americana. Não se trata só de dependências de droga e sexo, mas também das questões de identidade de género, pedofilia e a violência no namoro.

03
Out21

Cenas de um casamento

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Fotografia: HBO

Estreou, há umas semanas a tão aguardada mini-série de Hagai Levi Scenes from a marriage (HBO), um remake da série de culto de Ingmar Bergman (1973). A série acompanha Jonathan e Mira, um casal na casa dos quarenta com uma filha e cujo casamento enfrenta uma crise. Os diálogos são incríveis, a cenografia fenomenal, a interpretação de Jessica Chastain e Oscar Isaac soberba. Todos estes fatores contribuem para uma modernização da série de Bergman, tornando-a contemporânea e satisfatória.

 

Ao longo dos últimos meses tenho assistido e participado em alguns casamentos de amigos e família. A vacinação permitiu retomar a celebração do amor. E, no entanto, não deixo de pensar nas palavras de Mira no primeiro episódio, quando confrontada com o conceito de casamento: "Equilíbrio. No início de um casamento, como casal nada nos pode magoar, e gradualmente percebes que, na realidade, tudo te pode magoar."

 

Numa altura em que há cada vez menos casamentos, não posso deixar de colocar como hipótese que todos temos medo de nos magoar e, por isso, nunca estamos realmente vulneráveis, expostos.

 

VER NO SOFÁ

Além do supracitado Scenes from a marriage (HBO), não posso deixar de mencionar a estreia de 007 - No time to die (MGM, EON).A estreia, que já foi adiada três vezes, não desiludiu e o filme, o último de Daniel Craig, promete.

 

PASSEAR

Agora que as restrições quanto ao uso de máscara diminuíram, podemos finalmente respirar. Literalmente e figurativamente. Embora o tempo não esteja muito convidativo, qualquer desculpa serve para ir ao Parque, passear à beira-mar ou fazer uma caminhada na montanha. 

 

 

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