Um psicoterapeuta (in)comum
Há uns dias comecei a ver “The Shrink Next Door” (Apple+) e que delícia de dark humor. A série de 8 episódios e protagonizada por Will Ferrell e Paul Rudd (eleito o homem mais sexy do mundo pela revista People), acompanha a relação pouco ortodoxa de Marty (Ferrell) e Dr.Ike (Rudd). Uma relação que começa por ser de psicoterapeuta-paciente e que rapidamente evolui para uma relação de contornos pouco claros, com momentos vulneráveis, outros cómicos e outros pouco éticos.
Foi num desses momentos vulneráveis, que Marty vê-se confrontado por Dr.Ike com a sua própria mortalidade e com o seu papel patriarcal na família. Embora a observação seja evidente perante a morte de um Pai, não pude deixar de pensar os diferentes papéis que vamos ocupando na família.
Quando nascemos, entramos logo numa estrutura pré-estabelecida que estabelece um modelo sobre a forma como o mundo funciona. Depois os anos passam e vamos tendo as nossas próprias experiências, primeiro com a socialização de pares no jardim de infância, depois com a escolaridade, a adolescência e os desafios da individuação/separação dos pais e consequente criação de um paradigma do mundo único e individual. Mais tarde, se tivermos sorte, o nosso paradigma e transformado pelo amor e assim nasce um novo paradigma: um filho ou uma filha. Se tivermos sorte, muito mais tarde, a nossa visão do mundo é mais uma vez alterada quando morrem os nossos Pais e cabe-nos então ocupar o papel de matriarca ou patriarca.
Os espaços interessantes são entre etapas, quando estamos no processo de uma etapa para outra. Embora possa parecer-nos quase impossível essa transição, pela dor que inerentemente traz, a verdade é que já chegámos até aqui. E por isso continuamos a caminhar.
VER NO SOFÁ
Além da supracitada The Shrink Next Door (Apple +), uma das séries mais bonitas a que assisti há muitos anos chamada Babies (BBC), parece estar a ser “replicada” na nova série documental Babies (Netflix), permitindo observar o desenvolvimento de bebés de todo o mundo. Um mundo fascinante para quem é curioso sobre como funcionamos.
O cinema está ao rubro e eu mal posso esperar para ver o muitíssimo antecipado Mães Paralelas (Pedro Almodóvar) que conta a história de duas mais que dão à luz no mesmo dia e o que significa ser Mãe e os seus múltiplos papéis.