25 de Abril sempre!
Há 47 anos Amália estava nas aulas e ouviu alguém murmurar “houve Revolução! O regime vai cair!”. Era um alvoroço durante as aulas da manhã. Depois do toque para o almoço, Amália e os amigos correram para a rua, procurando ouvir na rádio o que tinha acontecido.
O Pai de Amália havia lutado pela Liberdade, co-organizando a campanha do General Humberto Delgado, firme na resistência à Ditadura. Muitos dos seus amigos estavam presos ou exilados. Tinha recebido várias ameaças, escapando apenas por um golpe de sorte.
Também Amália e os irmãos tinham resistido, à sua maneira, aos tentáculos da Ditadura, organizando encontros secretos para debater as suas ideias sobre como poderia ser a Democracia. Amália e os irmãos liam todos os livros secretos que o Pai conseguia comprar no “mercado negro” sobre marxismo, comunismo, socialismo, maoismo e tantos ismos. Distribuíam panfletos de manhã cedo na Escola e nunca falhavam os encontros.
Aos catorze anos, Amália foi chamada à PIDE. Tinha muito medo, será que a tinham apanhado? Pereceria na prisão como os amigos do Pai? Não! Seria corajosa e saberia defender-se. O Pai acompanhou-a e instruiu-a a não dizer nada. Até hoje, Amália pensa nesse dia, os PIDEs vermelhos e suados, sobre si a fazerem-lhe questões sobre os seus encontros, que amigos apareciam, sobre o que falavam.
Nesse 25 de Abril de 1974 não pensou mais no que tinha sido, permitiu-se sentir o que era: a Liberdade. Correu pelas ruas com os seus amigos, gritando “Viva a Liberdade!”, observando as centenas de pessoas que se reuniam na baixa. Sentia uma enorme esperança no futuro.
Amália fez parte de vários grupos depois da Revolução dos Cravos, lutou pela liberdade e igualdade, pelos direitos das mulheres e dos mais desfavorecidos.
Hoje Amália tem mais de 60 anos, mas transmitiu o seu espírito ativista à sua filha que aqui hoje conta a sua história.
A Democracia e a Liberdade não são garantidas, temos o dever cívico de lutar todos os dias pela igualdade de oportunidades e pela preservação do nosso planeta. Viva o 25 de Abril, viva a Liberdade!