As perdas que (não) partilhamos
Fotografia de Paul Cupido, courtesia da Danziger Gallery retirado do artigo "The Losses we share" no The New York Times
Foi com profunda tristeza que li a crónica de Meghan, Duque de Sussex no New York Times sobre a perda do seu segundo filho, em Julho deste ano. No ensaio, Meghan explica que, enquanto mudava a fralda do seu filho de um ano e meio, sentiu uma dor lancinante, caindo ao chão com o filho no colo, deixando-se ali ficar, cantando uma música de embalar numa tentativa de se acalmar a si e ao filho.
Esta descrição emocionou-me profundamente, especialmente quando vi os números ali, preto no branco: numa sala de 100 mulheres, 10 a 20 mulheres sofrem um aborto espontâneo. Se pensar no meu círculo mais íntimo, mais de 10 mulheres sofreram a perda de um filho. É uma dor inimaginável, um vazio terrível, um sentimento de culpa inexplicável. A maior parte das mulheres não fala sobre o assunto, talvez por medo, culpa, dor ou pelo vazio. Mas também por vergonha, como se de alguma forma, sentissem que são culpadas dessa perda.
Outro aspeto comovente nesta crónica foi a inclusão da dor partilhada com o marido/pai. A inclusão da figura do Príncipe Harry permite abrir a discussão sobre o luto que os pais também têm de processar, apesar de não experienciarem a perda no seu corpo. A família que espera ansiosamente a chegada de um/a irmã/o, neto/a, sobrinho/a, primo/a, afilhado/a. É nesta altura que a Duquesa de Sussex, se questiona sobre como se ultrapassam as perdas que partilhamos.