Dança das cadeiras
Esta semana descobri mais maravilhas da tecnologia. Ao contrário do meu Príncipe que, a cada Natal tem gadgets tão específicos como headphones para correr que são muito diferentes dos headphones para trabalhar e dos headphones para ouvir um podcast/música ao adormecer, eu não sou nada “geek”.
Também não sou tipo a minha Mãe que até há seis meses não sabia ligar a televisão (mas agora até já sabe ligar a Netflix!). Até já mudei dos livros para o Kindle porque os preços dos ebooks são muitíssimo mais baixos.
Quando anunciaram o Confinamento II fiquei muito desanimada, pelo que me refugiei na música.
Ao navegar no Spotify descobri uma categoria “Party like it’s...” onde podemos escolher o ano. Fiz as contas, procurei lembrar-me do ano em que comecei a sair à noite, a sensação de antecipação, de um “perigo” bom ao contrário deste perigo horrível que vivemos. Lembrei-me do ano 2005, quando já saía mais regularmente e decidi escolher a playlist.
Imediatamente a voz da Madonna invadiu os meus headphones (do trabalho) e dou por mim a sentir-me um pouco melhor “waiting for your call baby night and day...”. Depois vem Juanes com Shakira numa das minhas “party songs” preferidas “Ay, amor, me duele tanto/ me duele tanto/ que te fueras sin decir a dónde/ ay, amor, fue una tortura perderte”. Depois um som mais pop com as Sugarbabes “If you're ready for me boy/ You'd better push the button and let me know”.
Sinto uma alegriazinha apoderar-se de mim, sorrio e mexo-me na cadeira numa espécie de dança. Mas, de repente, um pensamento cruza a minha «party like it’s 2005: “mas quem era esta pessoa?”»
Passaram tantos anos. Na altura parecia-me que andava sempre preocupada com a escola, as amigas, os namorados, a minha identidade. Hoje sinto-me tão distante dessa miúda cheia de potencial. Hoje sou uma mulher, não posso esquecer esta pandemia com uma vodka cola ou duas e uns saltos na pista de dança. Até a minha dança ficou confinada à minha cadeira!