Guerra ao Terror
Há quase vinte anos, os Estados Unidos foram alvo de um ataque terrorista que ficou gravado na memória coletiva dos americanos e do mundo. O Presidente da altura, George W. Bush (Republicano) emitiu uma resposta clara: guerra ao terror. Podia ter declarado “guerra ao terrorismo”, mas o uso deste substantivo vago permitiu-lhe traçar o eixo do mal, onde reinava o “terror”: Coreia do Norte, Irão, Iraque e Afeganistão.
Sob o pretexto de encerrar os programas de “treino de terroristas”, bem como acabar com as “armas químicas, biológicas e nucleares”, os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2002. Além disso, desde o 11 de Setembro de 2001 que os americanos procuravam Osama Bin Laden, o líder e fundador da Al-Qaeda, organização terrorista responsável pelos ataques às Torres Gémeas e ao Pentágono.
A 31 de Agosto de 2021, o Presidente dos Estados Unidos, agora Joe Biden (Democrata), ordena a retirada das tropas americanas do Afeganistão. Como sabemos, durante este processo existiram várias ameaças dos Talibãs que culminaram num ataque terrorista perto do aeroporto de Cabul, onde estavam a ser retirados dezenas de cidadãos americanos.
Assim, Biden vê-se num dilema: manter a sua promessa eleitoral (que vinha do seu tempo de Vice-Presidente de Obama) e retirar as tropas do Afeganistão ou responder ao ataque terrorista perpetuando o conflito americano-afegão? As palavras têm peso de ouro, porque embora aparentemente o discurso de Biden (ver vídeo) possa parecer semelhante no tom de vingança, a verdade é que não lança nenhuma ameaça concreta nem traça nenhum plano de ação.
Só podemos assumir que a guerra terminou, mas o conflito manter-se-á. E como os Talibãs assumiram o poder, a guerra dos vinte anos dará lugar a uma guerra civil.
VER NO SOFÁ
Nem só de mergulhos vivemos nestas semanas de descanso, também comemos bem e bebemos ainda melhor. Mas nas horas de calor (mais) intenso, a refrescante série The White Lotus (HBO) fez-nos boa companhia. É uma série estranha, excêntrica, exótica e cativante como a sua banda sonora, que acompanha a vida de hóspedes e staff num resort de luxo no Havai. A série vive da sobreposição de interesses contrastes sociais: luta de classes, desigualdade de género, idaísmo, racismo, tecnologia e Natureza, tudo regado com sexo, drogas e muitos Blue Hawaians.
OUVIR COM CALMA
Outra notícia sempre entusiasmante foi o lançamento do segundo álbum de Billie Eilish Happier than ever (Interscope). No seu álbum de estreia, sucesso comercial e na crítica, ouvíamos uma adolescente melancólica e naïf, profunda mas sem se levar demasiado a sério. Neste segundo álbum, ouvimos um coração partido e procura do seu caminho para se tornar adulta. Billie e Finneas continuam uma dupla imbatível, explorando vários géneros musicais, incluindo uma interpretação muito própria do género Bossa-Nova.
PASSEAR
Decorre em Lisboa e no Porto, a Feira do Livro. Tendo acabado Eliete (Tinta da China) de Dulce Maria Cardoso, O Jogador (Edições RTP) de Dostoiévski e estando nas últimas páginas de Jesus Cristo bebia cerveja (Companhia das Letras) de Afonso Cruz, ando a ansiar pelo novo livro deste autor, O vício dos livros (Companhia das Letras).