Kit de Sobrevivência XV - Séneca
Confinamento II
Tal como esperado, voltamos a confinar. O Natal foi, para mim, assunto tão penoso que nem consegui abordar aqui neste espaço das pequenas coisas. Talvez porque, olhando agora com a distância devida, o Natal é mesmo uma grande coisa, um daqueles grandes momentos: de união, paz e harmonia.
Na minha família somos tantos que temos de celebrar em vários dias e há ainda as festividades entre a família nuclear, primos e a “nova” família. Mas não neste ano. Neste ano, festejámos em núcleo, em tal proximidade que permitiu realmente viver o espírito do Natal: família. Nem por isso deixámos de celebrar, com receitas novas, mesas requintadas e até novas tradições. Por isso, o Natal acabou por se revelar um dia bonito e íntimo.
Mas não conheci o meu novo priminho, não abracei os meus Tios e primos, não brinquei com a minha afilhada nem os meus primos pequenos, não os vi a antecipar a chegada do Pai Natal barrigudo e confuso com os presentes a abarrotar e a precisar de ajudantes. Mesmo a escrever estas palavras, as lágrimas insistem em querer deixar os meus olhos. Recomponho-me porque é importante o que quero dizer. Importante para mim, para o mundo quero lá saber.
Perdi estes momentos todos, ganhei novas tradições, mas muita gente, pessoas que não conheço, amigos de amigos de amigos, decidiram passar o Natal como se nada se passasse. O nosso próprio Presidente da República disse em entrevista que ia fazer 3 Natais como se fosse “antigamente” (i.e., pré-covid). E agora, como os jornalistas adoram dizer, “calhou-nos a fava”. É que eu detesto mesmo bolo-rei.