Kit de Sobrevivência XXXI - Gelong Thubten
Se só pudesse escolher uma aprendizagem deste último ano é que a felicidade é, em certa medida, uma escolha.
Claro que existem eventos de vida absolutamente traumáticos e desesperantes, por isso vamos falar do dia-a-dia.
De manhã, abro as persianas e pode estar sol ou a chover, posso olhar para uma das janelas da minha casa que têm uma vista para um pequeno parque ou posso olhar por outra janela que tem prédios infindáveis. Posso focar-me nos passarinhos a cantar ou no barulho incessante dos carros na sua pressa matinal.
Uma das maiores mudanças que implementei neste ano foi tomar o pequeno-almoço com calma. Sem telefones, sem televisão, só eu e o meu príncipe, por vezes em silêncio, outras vezes a tagarelar sobre um assunto qualquer do dia. Aqueles quinze minutos fazem toda a diferença, porque no nosso amor encontro confiança e energia para o dia.
Como Gelong Thubten, o monge budista, explica neste episódio do podcast que o leitor já conhecerá, o segredo da felicidade é a satisfação com o que temos. É aproveitar os momentos, ter compaixão, ser feliz com o que se tem. Às vezes a vida dá-nos umas voltas, mas, para mim, o segredo é encontrar as pequenas coisas que fazem o dia valer a pena.
No documentário "Democracia em vertigem", perguntam a Dilma Rouseff como aguentava a tortura a que foi sujeita durante dias. A sua resposta surpreendeu-me, Dilma disse “eu pensava: «é só mais um minuto, porque se você pensar mais não vai aguentar»”. Então, quando tenho os meus momentos difíceis faço duas coisas: 1) penso sempre “é só mais um minuto” e 2) foco-me nos meus momentos mais felizes. Às vezes está sol, outras vezes chove. Mas dentro de mim, há um Sol que brilha todos os dias. E o leitor, o que faz para se sentir feliz?