Meu querido mês de Agosto
Desde que me me lembro de formar um pensamento, em Agosto rumamos a Sul.
A Mãe corria de um lado para o outro com sacos que se multiplicavam: mochila da praia, mochila de lanches, mochila dos brinquedos de praia, mochila da cozinha e por aí fora.
Entretanto o Pai perdia os seus (já poucos) cabelos ao tentar encaixar tudo perfeitamente na mala da carrinha, mal-dizendo a necessidade da Mãe “levar a casa às costas”.
Enquanto esta pequena dança anual se dava, eu e o meu irmão arrumávamos os nossos lugares com os nossos leitores de música (nos primeiros anos os Walkman, depois os discman e mais tarde os leitores de mp3), os livros, os brinquedos e, claro, os snacks.
Das férias recordo as ondas, as sandes do meu Pai, ver a moda de Outono com a minha Mãe, ouvir música sem fim com o meu irmão, ler e escrever e pensar e olhar o mar.
Ontem fui à praia em tempos de covid.
Por momentos deixei-me estar, só a ouvir o mar, as gaivotas, as crianças, as famílias, o vento, a areia nos meus pés, o sal na minha pele, o sol na minha face. Deixei-me estar naquele momento.