Mudam-se os tempos, muda-se a Visão
Imagem: Marvel
Há algumas semanas vi a série “WandaVision” da Marvel. Não era particularmente fã do género “ficção cientifica” ou “banda desenhada” mas esta série não encaixa num género devido à sua escrita fenomenal e aos actores Elizabeth Olsen e Paul Bettany.
Ao longo da série, vemos Wanda (Olsen) e Vision (Bettany) como um típico casal que se mudou para os subúrbios. No entanto, toda a ação decorre como se estivessem numa sitcom americana, no qual cada episódio presta homenagem a uma década, desde 1950 de Dick Van Dyke até aos dias de hoje com “Modern Family”. Toda a roupa, luzes e formato mudam a cada episódio, bem como a performance dos atores que passa de um tom cómico teatral dos anos 1950 a uma performance mais “natural” dos tempos de hoje.
Desde que vi a série, comecei a pensar noutras séries que tinha visto durante a minha vida. Quando era adolescente e já jovem adulta, passava “Foi assim que aconteceu” (How I met your mother) na televisão portuguesa, que acompanhei desde o início.
Foi uma experiência completamente nova rever a série enquanto adulta e com mais de uma década de distância. Em primeiro lugar, nessa série ainda usavam uma audiência que introduz a deixa “RIR AGORA”, o que de certa forma me chocou. Como pude passar tanto tempo sem notar alguém a pré-determinar o que devemos sentir ao ver a cena?
Este truque não é novo, não é por acaso que 60% do orçamento de um filme se destina ao departamento de som. O som é muito importante para qualquer arte, é por isso que aprecio tanto os filmes europeus.
Um bom gestor do departamento de som sabe que, geralmente, o silêncio não é a ausência de som ou emoção. É no silêncio que encontramos espaço para sentir os nossos próprios sentimentos, afectos e emoções. Por isso sinto tanta falta de ir ao Teatro.