Quem casa, casa com a família
Antes do Príncipe entrar na nossa família, o namorado de longa data da minha prima e amigo do meu Príncipe, desde logo fez o aviso: “tu não te inibas, pá! Tens que beber a sério!”. Claro que o discurso foi muito mais enfático e numa linguagem que não poderia reproduzir.
Quando o meu Príncipe entrou para a nossa família, no primeiro almoço de família não se inibiu de facto. Ficou mal disposto e um pouco zonzo. Mas foi aceite, coroado membro honorário da nossa família.
Passou a participar nos jantares de primos, nos almoços com os Padrinhos, nos aniversários e funerais. Em tudo o Príncipe pertence à nossa família.
À medida que íamos participando nas famílias um do outro, começamos a reparar nas peculiaridades de cada família, consequências das vivências familiares e únicas. A maneira como sempre cantamos os parabéns como o meu Avô cantava, a simplicidade com que dividimos as férias na casa de praia.
Da mesma forma, quando um casamento acaba, acaba também uma família. Todas as vivências são varridas da memória colectiva da família porque obviamente, no limite, os nossos de sangue são os nossos.
Mas as memórias ficam com cada um, as cervejas ao fim da tarde, os jogos de futebol, a delicadeza e bondade. Os casamentos acabam, as famílias separam-se mas as memórias perduram dentro de nós e através da próxima geração.