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O espaço das pequenas coisas

O espaço das pequenas coisas

20
Jan21

Kit de Sobrevivência XVI - Martin Luther King Jr

KS XVI Martin Luther King Jr.png

A Terra Prometida, finalmente

 

Hoje acordei com esperança. Sim, os números de novos casos e mortes de covid em Portugal são os mais elevados do mundo. Sim, fiquei chocada com o comportamento das pessoas na orla marítima durante o fim-de-semana. Sim, desespero pelo nosso Serviço Nacional de Saúde, pelos nossos profissionais de saúde, os trabalhadores na linha da frente, os que perderam o seu emprego.

 

Mas hoje, meu caro leitor, acordei com esperança. Porque a partir de hoje, os Estados Unidos da América, país líder mundial da democracia (ou assim ainda esperamos), tem um novo Presidente em Joseph R Biden Jr. Hoje o mundo fica um pouco melhor, um pouco mais em paz, um pouco mais tranquilo, um pouco mais seguro, um pouco mais bonito.

 

Joe Biden é um homem de fé, capaz de através da sua história inspirar milhões de pessoas. Um homem que ultrapassou tanta adversidade, desde a gaguez na infância à impensável perda do seu filho mais velho, depois da perda da primeira mulher e filha. Joe Biden não é um privilegiado pintado de cor-de-laranja, fez 300km de comboio entre Washington DC e Delaware, entre o chamamento de Senador e a família. Teve a coragem de arriscar de novo no amor e saiu a ganhar com Jill Biden, Professora dedicada às famílias militares e à Educação.

 

Hoje acordei com esperança, porque se há alguém que consegue sarar feridas, unir as diferenças, incentivar a escuta e o perdão é o clã Biden. E não estão sozinhos, têm a extraordinária Kamala Harris (ver “Kit de Sobrevivência XVIII - Kamala Harris”) empenhada na luta pela igualdade de género, na reforma do sistema judicial enviesado pelo profundo racismo, na mobilidade social pelas famílias de etnias não-caucasiana, num sistema de saúde universal.

 

Talvez Joe Biden e Kamala Harris possam mesmo encaminhar os Estados Unidos para o seu destino de Terra Prometida. Até que enfim.

10
Jan21

Bem-vindo 2021!

Bem-vindo 2021!.jpeg

Foto por: Anamor

 

A Porto Editora anunciou esta semana que a palavra do ano 2020 foi “saudade”. Faz sentido se pensarmos na singularidade da palavra, naquilo que a torna tão especial, tão portuguesa.

 

Lembro-me desse 12º ano, desses tempos místicos, da minha Professora falar sobre Fernando Pessoa e o movimento saudosista. Jamais esquecerei o que a minha Professora de Português disse: “saudade é uma palavra unicamente portuguesa. Ao contrário do que muitos pensam, saudade não é a tristeza causada pela ausência de algo ou alguém, mas a melancolia de algo que nunca se viveu, «do que há-de vir».”

 

Assim, talvez 2020 seja mesmo um ano que deixará saudade, pelo que nunca foi nem nunca poderá ser. A ausência absoluta de tanto: amigos, família, ocasiões importantes, abraços, trabalho, festas, tudo emaranhado num novelo que só o tempo e, com esperança, 2021 poderão desenrolar.

 

Começámos o ano com a notícia quase inacreditável de que o país estava, de facto, preparado para a chegada das vacinas e, com a prontidão do relógio de cuco do meu Avô, a vacinação começou a 27 de Dezembro de 2020.

 

Mas eis que, a 6 de Janeiro de 2021, os Bullies saíram da toca diretamente para o Senado, nos Estados Unidos, e para os debates presidenciais, em Portugal.

 

Ao ouvir o debate entre os candidatos mais à direita de Portugal, não pude deixar de apreciar a calma de Tiago Mayan Gonçalves perante o ruído permanente, comportamentos só vistos e aceites num estádio de futebol. Curiosamente, quando o candidato da Iniciativa Liberal se aproxima da “ferida que arde”, o seu oponente recusa, dizendo que tanto lhe faz se é do Benfica ou do Porto. A única pessoa por quem o candidato de extrema-direita radical parece ter o mínimo respeito é o atual Presidente da República, que o acusa no momento derradeiro do debate entre os dois de ter duas caras, ou melhor, dois tons: um quando vai a Belém, e outro nos debates. Poderá porventura abrir uma janela sobre como se desmascaram e combatem os populistas, os xenófobos, os demagogos, os sedentos de poder, os troca-tintas: com amabilidade e frieza, expondo cada um dos seus mitos.

 

Felizmente não escalámos ainda até Washington, onde um grupo de supremacistas brancos invadiu a instituição mais sagrada da Democracia: o Senado. A isto se chama um ato de terrorismo doméstico.

 

É por isso que, mal por mal, prefiro viver num país “de brandos costumes”, porque tenho saudades do que há-de vir. Um tempo de abraços, amor, paz, jantaradas e viagens, muitas. Enquanto o nevoeiro ainda paira, fiquemos atentos àqueles que ameaçam a nossa democracia.

15
Nov20

Buraco negro ou a Internet

buraco negro.png

Imagem: Event Horizon Telescope

 

Na extensa pesquisa para a minha crónica mais recente (“Kit de Sobrevivência - Kamala Harris”), confesso que entrei num buraco negro, lendo e assistindo a horas e horas de entrevistas. Comecei no bom caminho, com a generalidade da vida da nova Vice-Presidente, até ao som de Mary J. Blige, a sua intérprete favorita.

 

Depois, achei curioso o casamento aos 49 anos e comecei a minha investigação sobre Doug Emhoff, encontrando uma entrevista entre Doug e Chasten Buttigieg, marido de Pete Buttigieg, candidato democrata à presidência que abandonou a corrida presidencial e apoiou Joe Biden.

 

Foi aqui que começou a minha espiral em direção ao buraco negro que é a internet. Sim, descobri imensas coisas fascinantes sobre Doug Emhoff, a maneira carinhosa como apoia Kamala Harris. Melhor ainda, fui completamente sugada para o carisma de Pete Buttigieg, o candidato democrata mais novo à corrida presidencial, casado com um professor inspirador, que parece realmente gostar de ensinar.

 

Em grande medida, já conhecia a história de Jill Biden de mais uma excursão ao buraco negro na altura da saída de Barack Obama da Presidência dos EUA. Desta vez, resolvi revisitar a sua biografia com maior atenção. O que mais me impressionou em Dra. B (como gosta de ser tratada pelos seus alunos) foi a sua capacidade de se reinventar. Depois de um casamento breve, quando ainda estava a passar por um divórcio complicado, conhece Joe Biden num blind date (tal como Kamala Harris e Doug Emhoff).

 

Consta que Joe Biden pediu Jill em casamento cinco vezes antes do “sim”, a explicação? Jill queria assegurar-se de que seria capaz de cuidar dos filhos de Biden como uma mãe, criar uma família, ser um porto de abrigo. E assim, a 17 de Junho de 1977 Jill e Joe casaram na Capela das Nações Unidas por um Padre Católico, apesar de Jill nunca ter declarado a sua fé. Durante o seu papel de Segunda-Dama, Jill Biden continuou a ensinar em universidades comunitárias, conciliando com a sua mais famosa iniciativa “Joining Forces”, um programa de apoio às famílias de militares norte-americanos.

 

Numa entrevista, as netas falam de um lado pouco ortodoxo de Jill: as partidas. Aparentemente, a nova Primeira-Dama gosta de uma boa gargalhada, tendo mesmo pregado uma partida ao seu staff escondendo-se na cabine do avião. Além disso, a mulher de Joe Biden corre cinco milhas cinco dias da semana (cerca de oito quilómetros).

 

Nesta minha divagação pela internet também encontrei muitas audiências da Congressista Alexandria Ocasio-Cortez. A que mais me perturbou foi a famosa audiência com Mark Zuckerberg na qual o interroga sobre a (não) verificação de factos do Facebook e o uso não consentido da imagem para reconhecimento facial. Durante o inquérito AOC, coloca vários cenários hipotéticos até que chegam à conclusão que o Facebook não assume a responsabilidade pelo que é publicado na rede social, não verifica os factos, nem retira mentiras.

 

Há um ano e meio, a 10 de Abril de 2019, foi revelada a primeira imagem de um buraco negro. Embora pareça apenas um anel desfocado, é de grande importância, porque a sua enorme capacidade de sugar tudo o que está à sua volta é indiscutível. Assim é a internet, um enorme buraco negro, que nos leva a descobrir coisas maravilhosas e terríveis.

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