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O espaço das pequenas coisas

O espaço das pequenas coisas

12
Dez21

De passagem

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Há umas semanas escrevi uma crónica sobre a necessidade de mudar de perspetiva, por vezes literalmente numa viagem, afastando-me de outros e aproximando-me de mim mesma. Uma querida leitora comentou essa crónica indagando sobre a minha mudança de perspetiva. Na altura pensei n’O Espaço das Pequenas Coisas e no que representa para mim, é um espaço onde nos podemos perder em reflexões sobre nós próprios e o mundo mas não é um “querido diário” ou um espaço que termina em mim.

(Nada contra os diários que ainda hoje fazem parte da minha vida!)

 

Tenho andado muito com o novo disco de Adele 30, não só pelas letras e melodias, mas pela coerência com que expõe o que, para mim, significa ter 30 anos (mas que de todo se confina à idade). A primeira canção Strangers by Nature, Adele escreve, segundo a própria, uma carta a si própria, expondo a sua ambivalência em aceitar os erros que cometeu, a sua solidão. Ao mesmo tempo, há um tom de esperança no verso “I've never seen the sky this color before // It's like I'm noticing everythin' a little bit more” e no fim da canção quando a cantora expressa a esperança na gratidão. Embora já tenha escrito mais de 100 crónicas, a vulnerabilidade com que Adele escreve é muito comovente e ressoou em mim.

 

Em jeito de resposta à nossa querida leitora, o que mudou é que só falo com quem me apetece, só faço programas que me apeteçam e, acima de tudo, passo muito tempo a refletir sobre como posso continuar a crescer. Dou alguns passos nesse sentido, passos onde ainda consiga estar inteira e presente, já não me deixo desintegrar com comentários ou coisas que me aconteçam. No fundo, estou mais centrada, não só graças à meditação mas numa consciência (quase) permanente da nossa finitude e da preciosidade do nosso tempo.

 

OUVIR COM CALMA

Naturalmente o novo disco de Adele 30 mas na ordem cronológica, nada de shuffle. Na mesma onda, no podcast Human de Jess Mills, decorrem algumas conversas vulneráveis sobre o que nos torna humanos, luto e perda, amor e coragem, esperança.

VER NO SOFÁ

Uma das minhas séries preferidas de sempre, com o melhor argumento que alguma vez vi no pequeno ecrã O Método Kominsky (Netflix), explora a amizade e o envelhecimento, a morte e o luto, a finitude da vida, a esperança e claro, as pequenas coisas, como um Jack Daniels com uma Doctor Pepper.

07
Fev21

O Longo Inverno

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Fotografia: Andrea Mantovani para o New York Times

 

Tudo mudou. Nesta imagem do jardim de Tuileries, em Paris, podemos ver a devastação causada pelo covid. Não há crianças nas ruas, nem velhinhos nos bancos do jardim, nem pessoas apressadas. O mundo parece suspenso, como que a suster o ar à espera da próxima crise.

 

Esta semana Aleksei Navalny regressou à pátria-mãe, onde foi acolhido com um mandato de prisão. Milhares de pessoas protestaram nas ruas e foram presas, incluindo a sua mulher, Yulia Navalnaya. Não há dúvida de que pouco progresso foi conseguido desde a queda do muro de Berlim. Vladimir Putin parece governar como Lenin, envenenado os seus opositores ou mandando para a Sibéria aqueles que discordam da sua visão para a Rússia: expansão e oligarquia.

 

Em notícias mais tristes, Aung San Suu Kyi, líder birmanesa foi detida na manhã de Segunda-feira por um golpe militar. A sua complicada história, primeiro de heroína, a quem foi atribuído o Prémio Nobel da Paz, depois de vilã, quando se soube do genocídio dos Rohingya, uma minoria muçulmana de Myanmar.

 

Um golpe militar é sempre uma má notícia, significa que a democracia não teve guardiões à altura. Por esta razão, quando discuto com amigos ou família se os deputados devem todos ser vacinados, a minha resposta é: provavelmente não. Tal como em todas as outras profissões, deve ser definido um grupo de “indispensáveis” para a Assembleia da República, considerando-se, assim, “trabalhadores da linha da frente”. Naturalmente o Presidente da República e o Governo, provavelmente os líderes de bancada e outros deputados envolvidos em grupos de trabalho que não possam funcionar em teletrabalho. Se não houver Governo, quem nos governará? Se não houver deputados, quem fará leis? Trata-se de, com critérios apertados e sérios, defender a nossa democracia.

 

O Inverno já vai longo, mas só porque Portugal continua sucessivamente nos piores rankings. Não nego a "super tempestade"  de que fala Ricardo Araújo Pereira no “Governo Sombra” de há umas semanas, mas é preciso fazer mais e melhor, organizar e prever melhor.

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