Depois de assistir a maior parte dos debates, posso dizer com confiança que não me revejo em nenhum partido. Na verdade, parece-me que o problema é que não me revejo na Política que se pratica hoje em dia em Portugal e no Mundo.
No seu livro The Promised Land, Barack Obama detalha como o surgimento da candidatura de Sarah Palin mudou as regras do jogo. Com a sua retórica populista, alimentando-se e alimentando teorias da conspiração, movimentos ocultos, grupos altamente perigosos a governadora do Alaska parecia incansável nos soundbites. Mas, se dermos uma volta na máquina do tempo, já a figura de Ronald Reagan (embora o Presidente Obama não o tenha escrito) foi um disruptor. Se pensarmos bem, Reagan era um ator de Hollywood, sem qualquer percurso político ou civil, apoiado por grupos ocultos conservadores, com uma agenda tendenciosa.
Em Portugal, os movimentos populistas não encontraram grande ressonância até muito recentemente. Já correu muita tinta com análises de jornalistas políticos, psicólogos, antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, entre outros. A verdade é que o discurso político mudou, o tom mudou, o volume mudou.
O que outrora assumíamos como a verdade, baseada em factos sujeito a prova, atualmente parece algo discutível, como se a Ciência fosse ela própria uma teoria da conspiração. Mas como combater a desinformação e a informação falsa?
Talvez o aspeto mais preocupante seja a mudança de tom. De repente, o tom, volume e discurso disseminaram-se numa propaganda cuidadosamente editada nas redes sociais, permitindo que ideias absolutamente extremistas e que ignoram a Constituição Portuguesa cheguem a debates televisivos. Mais, esta praga do populismo parece ser transversal a todos os candidatos, propostas e partidos.
Em todos os debates é notável esta mudança, com a propagação de meias-verdades, factos retirados de contextos, entre outros. Infelizmente, este ruído parece ter vindo para ficar, o que empobrece o debate público, dificulta o conhecimento e esclarecimento dos programas políticas e das medidas concretas, isto é, de como a nossa vida será efetivamente gerida dependendo do Governo eleito.
COMUNICADO: O Espaço das Pequenas Coisas expressa solidariedade para com as redações do Expresso e da SIC, alvo de um ataque informático sem precedentes, um atentado à liberdade de expressão que ameaça a nossa democracia.
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A propósito do discurso fundamentado em meias-verdades, lembrei-me da série House of Cards, onde Frank e Claire Underwood, duas figuras políticas, se movimentam nos bastidores da política para atingirem o seu objetivo: chegar à Presidência da República dos EUA.
No mesmo comprimento de onda, o documentário Knock Down the House segue uma série de candidatas às eleições de 2018 para o Congresso norte-americano.