Domingo Pascal
Esta semana ouvi uma entrevista de Sofia Coppola e Rashida Jones sobre como surgiu a ideia para o filme On the rocks. Ambas descendem de Pais famosos, mas não é essa a premissa do filme. O apelo, diziam a realizadora e atriz, é sentirmo-nos pequenas outra vez, sermos guiadas ao invés de guiar. Talvez por isso tenha gostado tanto do filme.
Lembro-me de ser pequena e o meu Pai adorar ducheses da nossa pastelaria local e, por isso, eu também comia, apesar de não gostar de chantili. Quando íamos no carro, ouvíamos sempre a TSF ou a Antena 1, algum programa de entrevistas ou os mesmos CDs: Tony Desare, Michael Bubblé, Campo Grande.
Acima de tudo, o que mais aprecio quando ando de carro com o meu Pai hoje em dia é espreitar no seu mundo, ouvir os seus receios por entre dentes, ouvir as suas “raivas” secretas, os seus arrependimentos infundados (na minha opinião), as suas quezílias interiores.
O meu Pai parece sempre saber para onde vai e o caminho para lá chegar. Conduz mais rápido que o Speedy Gonzalez mas sempre com segurança. O meu Pai é o clássico gentleman, mas sempre a favor do progresso e igualdade.
Sempre me apoiou em tudo o que decidi, sempre me motivou para além dos meus limites, tendo pouca tolerância para menos do que o seu padrão de qualidade. Tudo o que sempre quis, como qualquer filha, foi que o meu Pai se orgulhasse de mim.
Por isso, neste Domingo Pascal, penso que o meu Pai estaria orgulhoso de mim por ter a coragem de seguir o meu próprio caminho e escrever sobre as coisas que gostamos de fazer, a maneira como as nossas mentes circulam por vias semelhantes e também as nossas diferenças.