Kit de Sobrevivência IX - John Lewis
Uma vez, quando andava no terceiro ano, vi-me envolvida no meio de um conflito simplesmente porque me recusei a tomar partido entre duas colegas da minha turma.
Como disse, nunca fui de conflitos, não me comprometi com nenhum dos lados e assim vi crianças, pessoas, de ambos os lados virarem-se contra mim. Eram 30 alunos na minha turma, contei os que estavam contra mim, eram 16. “Mais de metade”, pensei.
Este episódio marcou a minha vida porque, quando chegou aos ouvidos do meu Avô, ele simplesmente encolheu os ombros, e disse: “durante a minha vida, tive muita gente contra mim. Mas também tive um grupo a meu favor”.
Quando ocorreu o tiroteio em Christchurch, na Nova Zelândia, a Primeira-Ministra Jacinda Arden, disse o seguinte sobre o terrorista: “Ele procurava muitas coisas através das suas ações, umas das quais notoriedade, e é por isso que nunca me ouvirão mencionar o seu nome”.
Ao ouvir estas palavras, senti um enorme poder, o poder de controlar como reagimos ao que nos acontece.
Sim, eram mais de metade, mas eu sempre fui uma pacifista, uma ativista e toda a minha vida lutei pela cidadania ativa através de organizações independentes, associações de estudantes, voluntariado. Mesmo quando me encontrava em situação de fragilidade procurei ajudar outros.
E é por isso que, n’O espaço das pequenas coisas, nunca lerão o nome de um fascista que, segundo consta, foi eleito para o Parlamento Português. Um bully que, tal como Trump, usa táticas de populismo e mentira, para alcançar os seus objetivos. Também não lerão sobre as jogadas que faz ou a quem se alia. A democracia não é adquirida, é preciso lutar por ela todos os dias.