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O espaço das pequenas coisas

O espaço das pequenas coisas

27
Mar22

Reset

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Nas últimas semanas tenho tido muita dificuldade em dormir, o meu coração bate (literalmente) mais depressa e as enxaquecas são mais frequentes. A guerra, o covid, o futuro parecem absurdos. O mundo parece estar suspenso, à espera de um sinal, um ramo de paz, algo que nos permita suspirar de alívio. E, no entanto, os noticiários enchem-se de histórias de desgraça, desespero, fratura.

 

Sei que pode parecer fútil, até inconsciente mas, para bem da minha saúde, decidi não ver mais noticiários. Claro que continuo a ser fiel leitora dos principais jornais e cronistas, mas não aguentava mais o poder que as imagens têm sobre mim. Por isso decidi parar e quando parei chorei. Por todas as crianças que ficaram órfãs, por todas as Mães que deixaram os seus filhos, por todos os jovens que lutam nesta guerra, por todo um povo que luta pelo seu território, pela sua identidade. Bem sei que existem muitas guerras, mas esta é aqui, no nosso bairro, com os nossos vizinhos, com os nossos amigos.

 

Depois de secar as lágrimas, lembrei-me do que a minha Mãe me diz sempre: “se não estamos bem, não podemos cuidar dos outros”. Por isso decidi olhar bem para mim, pensei em todas as coisas difíceis que 2022 já me trouxe, mas também nas alegrias. De repente comecei a sentir o meu corpo, as dores nas costas, nas pernas, no pescoço. Tenho tomado alguns banhos de imersão, feito muitos alongamentos, apertado os músculos contra o foam roller. Alguma dor melhorou, mas tenho de reconhecer, grande parte desta dor é também mental.

 

Então senti o meu coração, o que doía mais, a solidão, o isolamento, a desconexão com os meus, mas acima de tudo a clivagem dentro de mim. Precisava de me agregar, mais do que com os outros, comigo mesma em primeiro lugar. Escrevi num papel o que preciso de fazer para me sentir bem num dia, só mesmo o básico: acordar, espreguiçar-me, tomar um duche, comer a horas certas e incluir sempre legumes e fruta, fazer a minha rotina de pele, dar um passeio ao ar livre, ler pelo menos dez minutos, escrever uma página por dia.

 

Já não sei dizer onde ouvi, mas ser adulto é simplesmente fazer as coisas chatas da vida: responder a emails, ligar a pessoas, marcar reuniões, ir aos correios, esperar na fila das finanças, ouvir muitos “não”, cometer vários erros. Se tivermos sorte, nada será tão mau que não possa ser corrigido com um pedido de desculpa, alguma empatia e muita compaixão.

 

 

OUVIR COM CALMA

Muito antes desta guerra, José Milhazes falou da complexidade das relações entre a Ucrânia e a Rússsia e a Rússia e o Ocidente, bem como dissertou sobre a cultura e visão russas no podcast #45GRAUS. Vale a pena ouvir.

 

VER NO SOFÁ

E hoje conhecemos os vencedores dos tão cobiçados OSCARES. Ao que parece, a RTP volta a transmitir a cerimónia em direto a partir das 23h, na RTP1. Quais são os vossos filmes favoritos?

06
Mar22

Todas as almas

todas as almas.jpg

Fotografia: Reuters

 

Pela primeira vez em muitos anos faltam-me as palavras. É claro que há muitas palavras feias e cruéis que se formam no meu cérebro mas nunca chegam a ser ditas. O som das palavras não se compara à violência dos bombardeamentos que deixam um rasto de destruição por toda a Ucrânia, um país independente com um povo soberano.

Este é O Espaço das Pequenas Coisas e, talvez por isso, esta guerra extravase as medidas. Parece que só é possível pensar nas coisas grandes da vida: morte, identidade, guerra, esperança, amor, ódio, união. Talvez a História relembre o povo ucraniano como o Povo Herói, o Presidente como Zelensky, o Corajoso ou talvez tudo desapareça em poucos segundos com uma bomba nuclear.

O futuro é incerto e assustador, é revoltante e deprimente. Há pessoas que reagem com uma tristeza maior que um fundo de um poço. Outras que se mobilizam para campanhas humanitárias para ajudar os que fogem e os que ficam. Muitas sentem raiva e medo e ficam paralisadas. Seja como for, tenho esperança porque se os ucranianos a encontraram força para lutar pela sua identidade também nós temos o dever moral de os ajudar.

 

OUVIR COM CALMA

Terminou a segunda temporada da badalada série Euphoria (HBO), com uma soberba banda sonora produzida pelo músico Labirinth. Fiquei particularmente com a canção I’m tired de Zenday e Labirinth, com um tom dark gospel, uma letra muito clara, é um hino à esperança na vida.

 

VER NO GRANDE ECRÃ

Já está em cartaz o novo filme do The Batman (DC/Warner Bros), protagonizado por Robert Pattinson e ainda com Zoë Kravitz, Paul Dano, Jeffrey Wright, John Turturro, Peter Sarsgaard, Andy Serkis e Colin Farrell. Realizado por Matt Reeves, este filme revisita a trilogia Batman (DC) lançada pela primeira vez por Christopher Nolan (2005).

24
Fev22

Para inglês ver

O ESPAÇO DAS PEQUENAS COISAS CONDENA O ATAQUE RUSSO À NAÇÃO SOBERANA DA UCRÂNIA E ESTÁ EM PLENA SOLIDARIEDADE COM TODOS OS CIDADÃOS UCRANIANOS.

 

Para inglês ver.jpgWOLFGANG SCHWAN/ANADOLU AGENCY VIA GETTY IMAGES

A invasão da Ucrânia nesta madrugada pela Rússia marca o começo oficial da Guerra, apesar de quase 8 anos de conflitos na fronteira leste.

 

A nação Ucraniana é, desde o século XVII, uma das mais importantes da Europa. A cidade de Kyiv sempre foi um importante centro de comércio e mais tarde indústria, arte e cultura.

 

A noite cai sobre a Ucrânia e com ela a perspetiva de novos bombardeamentos, novos ataques. O povo ucraniano resiste, luta pela sua identidade, pela sua Terra.

 

Amanhã será outro dia e, como me contava a minha amiga Anamor, os ucranianos lutarão.

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